O meu presente de natal

Hoje a noite estava tudo bem escuro, fui bombardeado por milhões de pensamentos, pensei nos vários finais de semana que vão vir no ano novo. Não, não pensei no que vai ter neles, é exatamente ao contrario, pela primeira vez. Andei pensando no que não vai ter neles. Nem tantos sorrisos, nem tantas lagrimas, nem tantos sonhos, nem tantos planos, nem tantos sentidos e sentimentos, nem tanto nada, nem muito de mim.
Sabe quando você chora antes de dormir? Hoje não foi o dia, eu não quis deixar isso vir a tona, eu não quis olhar pra frente e nem pra traz. Eu não quis fazer nada além de me embriagar com um vinho barato que em outr'ora eu abolia, mas assim é mais tranquilo passar pelo duelo da minha 'via cruzes'.
Hoje ainda dormu tranquilo, tenho mais alguns sonhos que me ajudaram a escrever, tento neles prever o futuro, eu não sou de acreditar em sorte, mas sei da valor aos sinais e carrego comigo a folhagem verde da esperança, tão verde e açucarada quanto as folhas de bananeiras nas fazendas.
Então quando eu acordei ainda estava tudo azul e laranja, eu não me recordava do que pensei na noite anterior, não senti o gosto exato do café, eu não senti o sabor das frutas cristalizadas do panetone, minha mente estava branca, do mesmo modo que a branca-neve sem fim caia lá fora. Eis quando venho a mim, olhando assim o mundo foi perdendo o brilho, tivemos aquela conversa, eu e ela. Não foi tão dificil, não foi doido, por que ainda não caiu a ficha. Não enxergo muito bem com os holofortes na minha cara. Eu não penso muito bem com ela por perto. Agora preto no branco, eu só entendia cada cor em tons cinzas a escala mais sombria que existe na minha memória ocular.
Eu lembrei do que havia pensado em pedir de natal para o velhinho gordo, mas que ironia, nunca escrevi uma carta se quer, nem preparei biscoitos e leites pra ele caso fosse me visitar. Oh, velho do saco vermelho! Se é que existe, não passaria por aqui, quem caça demonios está fardado a andar na trilha do mal, impossivel pensar que algo de bom possa acontecer. Mesmo assim, se eu fosse um bom menino, o unico presente que eu queria ele não ia poder me dar. Eu conheço essa história e sei bem como ela continua, o meu karma já sei de cor, está gravado em cada pedaço do meu DNA. Como vai continuar da que pra frente, estou louco pra saber e receioso que chegue. Quem quer que eu seja amanha de manha, terei um copo de Wiskey na mão. Pra manter a mente limpa e não pensar no futuro. Você pode até me dizer, "Ora bolas, de manhã? Isso lá é hora de beber?", pra mim não é nada demais, pois deve ser 11 horas da noite em algum lugar da terra.
O meu presente pode ou não chegar, aqui nesse ponto, quem sabe já entenderá de imediato o que peço. Eu gosto daqui, quero ficar aqui, Califórnia pra mim sempre foi um lugar bonito. O sol, a praia, o mar, tudo. Mesmo que eu não tenha tanto tempo assim para desfrutar, só de estar aqui me sinto em paz.

Aqui é o meu lar.

O que a Freak disse?
"draco dormiens nunquam tintilandus"

O dia em que o teto caiu.

"Nada é fácil, nada é certo. Não façamos do amor algo desonesto."

Renato Russo.

No dia em que o teto caiu eu não estava em casa. Estava viajando e não pude socorrer a tempo. Toda aquela tempestade jogando neve pra cima do telhado, era tanta coisa de tantas semanas, não era surpresa alguma ele desabar. Quando o teto enfim caiu, a neve soterrou toda a minha casa e eu só percebi quando quis voltar.

Vi então, eu sem lar, sem teto sobre a minha cabeça, sem lugar pra ficar. Nesse frio ao relento percebi que é preciso manter a mente forte e limpa pro corpo poder aguentar.

A noite eu tentava dormir, já me encostei em lugares piores, mas hoje eu tinha medo de não ter um motivo realmente forte pra acordar. Foi bem debaixo de um pinheiro que consegui a achar a paz suficiente pra descansar. "Eu queimava a cidade no meu sonho".

Quando não se tem casa e não se tem pra onde ir, qualquer lugar se torna confortavelmente mágico. Quando não se tem destino o mundo cabe na palma da mãe. "Então, dragões e fadas pairam na minha mente". Nem tudo tem explicação, há mistério em quase tudo, nem todo mundo é azul, mas o coração sempre arrasa a razão, e o que não tem explicação não sou eu que vai explicar.

E agora o que eu faço pra viver?

Saber amar é saber deixar alguém te amar.

Mais um dia de Dezembro, você acorda de manha e vê aquele monte de neve sobre a sua cama e é claro que você se lembra do furo no teto de tua casa, o qual não concertou. Ficar sozinho é tão terrível, não ter alguém pra te encher o saco pra tampar o buraco, te lembrar todo dia que você é homem e deve fazer essas coisas, se não por você, talvez por ela.

Isso me lembra uma coisa que aprendi nesse mês: Se você está com seu tempo contado, com um preste fim, você pode deitar no sofá e morrer de depressão ou aproveitar ao máximo mesmo que sua cabeça esteja confusa, como a bola de neve no paragrafo anterior.

Tenho mergulhado tanto em metáforas que as vezes me pego 'metaforando' metáforas. Pra ser mais complicado ainda, digo sem dizer o que alguns sabem e vivem, sem eles saberem disso. Um conto, pode ser apenas um conto, mas de onde vem toda a ideia e ficção? Digo mais, a realidade é ainda mais impressionante do que qualquer cronica.

Um cara disse um dia em uma de suas músicas: "Saber amar é saber deixar alguém te amar" (esse cara é nada mais, nada menos que Herbert Viana), se você não concorda, fale agora, por que a seguir vem meu ponto de vista, e eu não quero mudar o seu sem você saber que tem um.

Amor é um sentimento de doação, pelo menos me sinto assim. Me sinto bobo e feliz. Não é só por que por alguém tenho um apreço inestimável, por que do lado de lá sinto algo assim também vindo na minha direção. O amor não é sempre igual e falar de amor assim é chato, vamos mudar que tal? Gosto de dizer sentimento. Sentimentos não são iguais, não são do mesmo tamanho, do mesmo sabor, do mesmo modelo. Fato é que todos querem que o seus romances sejam iguais os das novelas e filmes (aqui entre nós eu sempre preferi os seriados). Se você quer sentir um sentimento verdadeiro é melhor fechar os olhos e esperar que ele te abrace, se não te abraçar, abrace você ele então.

Você não escolhe ter um sentimento, isso é tão estranho, vejo como uma semente, alguém planta sem você saber, aos poucos vai crescendo, e plantinha precisa de nutrientes, sempre precisa. Então é preciso cuidar dela, vai cuidando, cuidando, e cuidando. Até que um dia vira uma arvore imensa, aí você não consegue mais se desfazer dela.

Prologo: Minha Casa Coberta de Neve

Dezembro é um mês de várias sensações pra mim, muitos aniversários, de amigos e entes queridos, pessoas que amo, pessoas que aprecio e pessoas que eu não tenho a menor afinidade. Muita festa, muita alegria. Dezembro me lembra músicas, principalmente quando chove:

"This is my December, this is my snow covered home." Linkin Park - My December

Sempre existe uma música pra mim pra cada sentimento, cada época, cada momento, cada sensação. O clima dessa música irá leva-los ao transe em que estou, enquanto escrevo.

Então compartilho hoje felicidades, sorrisos, lagrimas e angustias. De ante-mão eu sei o que o destino guara pra mim até o fim do natal. Há possibilidades de vários caminhos, várias mudanças e algumas me deixam sozinho, o difícil é ter que entender sem querer aceitar, sem poder fazer nada, sem armas pra lutar. O difícil é querer ser o agente transformador da história e isso não depender de você.

Este é só o começo da história, é complicado dizer sem dizer, mas tent'entender que se eu fosse mais direto ninguém entenderia, é como estar gravido sem poder esperar, é como ver o trailer de um filme sem saber se vai estar lá quando ele sair em cartaz, é como ver a morte caminhar na direção do teu eu e não poder desviar.

Já começou a nevar, não vejo tão bem a estrada e minha casa está coberta de neve. O carro não funciona direito, não encontro nenhuma pá, os telefones estão mudos e a ideia fixa na cabeça sempre diz: "Você tem que se mudar".

"mas que prazer mais egoísta o de cuidar de um outro ser, mesmo se dando mais do que se tem pra receber" (Cazuza).

Memórias de um Natal

Começo hoje na madrugada de domingo pra segunda (06/12/2009 - 07/12/2009) Memórias de um Natal, ainda não sei bem no que vai dar isso tudo, mas vai ser legal, tem sempre muitos sentimentos quando a gente escreve, e quando escreve sobre o que pensa, e como já dizia o poeta: "Quem pensa por si mesmo é livre e ser livre é coisa muito séria"

Ps.: Hoje foi um dia bom.